20 de novembro é o dia da Consciência Negra. Dia de lembrar que por séculos tentaram destruir o povo negro de várias formas. Foi nessa data no ano de 1695 que Zumbi, o maior líder quilombola desse país, foi assassinado. O bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado a peso de ouro pelos senhores de engenho, comandou uma invasão ao Quilombo de Palmares, que culminou na morte de seu líder Zumbi. Apesar dos muitos assassinatos e massacres de líderes negros e escravizados que lutavam por liberdade, o povo negro prevaleceu, e hoje um descendente dessa brava gente vos fala através desta coluna do Jornal Patos Hoje.

               Insustentável a escravidão tem seu fim, pelo menos no papel, em 13 de maio de 1888. Mas não pensem que essa “abolição” pôs fim a tentativa de aniquilar os negros, houve apenas uma mudança na estratégia. Se antes os negros eram mortos no tronco, ou no trabalho exaustivo do campo, agora a estratégia era matá-los pela completa falta de condições de vida. “Libertos” do trabalho escravo os negros foram abandonados a própria sorte para morrerem sem emprego e sem assistência médica nos morros, favelas ou qualquer outro terreno baldio em que se alojassem. Mais uma vez não deu certo! Muito embora um incontável número de negros morrera pelo total abandono e exclusão dos serviços mais básicos, essa etnia sobreviveu, e hoje somos mais da metade do país contando os pardos.

              Mas se não era possível o extermínio físico dos milhões de sobreviventes da escravidão, era preciso matar pelo menos seus espíritos, através da proibição de suas manifestações culturais. Sim amigos, por muito tempo no Brasil, um negro podia ser preso e severamente espancado pela polícia por simplesmente fazer uma roda de capoeira ou samba. Não dava para exterminá-los fisicamente, então queriam exterminar a memória e a cultura dessa gente. A religiosidade negra foi (e ainda é) severamente perseguida, Umbanda e Candomblé passaram a significar coisa do “demônio”, "macumba", "magia negra", o diabo é preto, ele vem da África, a religiosidade preta passava a ser vista como uma ameaça a família cristã!

             E assim continuamos. Desde o Brasil colônia até os dias atuais a carne negra é o alvo preferencial de balas e cacetetes. Um branco como Roberto Jefferson pode lançar granadas e dar tiros de fuzil na polícia e terminar o dia vivo sem nenhum sinal de tortura. Mas no Rio de Janeiro um homem negro foi morto pelo Bope enquanto usava uma furadeira no seu telhado. a PM justificou dizendo que a ferramenta se parecia com uma arma. Os negros são maioria entre os inocentes presos por engano (ou por racismo mesmo), são maioria entre os moradores de rua, desempregados,  e também entre os mortos pela pandemia agravada pelo negacionismo do governo de um presidente de nome e sangue europeu. Mas pelo menos hoje eu não vi nenhum negro pedindo ditadura na porta do quartel de Patos de Minas, e quando há, é uma quantidade insignificante na estatística golpista. Isto é um grande alento!