Não há dúvidas de que estamos vivenciando uma nova corrida espacial, desta vez, protagonizada pela iniciativa privada e com o envolvimento de nações estreantes neste escopo, como China e Emirados Árabes. O alvo agora é o planeta Marte.  

Em julho de 2020, três lançamentos de foguetes levando suas sondas ou rovers marcaram esta nova era da exploração marciana. A primeira foi a missão Hope Mars ou Emirates Mars Mission, lançada em 19 de julho e que já está na órbita de Marte desde a semana passada. Esta missão é uma exceção das demais, com o objetivo de registrar a presença dos emiradenses no seleto grupo de países que já enviaram uma sonda ao planeta vermelho. Lembrando que este país é bastante jovem, e a missão faz parte das comemorações do seu 50º aniversário. A missão traz também um caráter de acelerar o desenvolvimento do setor acadêmico deste país e incentivar seus jovens na incursão científica. Ainda que não tenha um objetivo com foco na exploração e estudo do planeta, a missão é um feito ímpar para um país tão jovem e aumenta o leque de nações capazes deste tipo de exploração, abrindo janelas para envios de outros equipamentos no futuro. 

Já no segundo lançamento, em 23 de julho de 2020, o país protagonista foi a China. A missão Tianwen-1 levou consigo um orbitador, um lander e um rover, que trabalharão em conjunto num estudo global do planeta, com a realização de análises da composição do solo, rochas, busca de sinais de água congelada, entre outros. A sonda também já entrou na órbita de Marte e durante sua aproximação nos enviou a sua primeira foto. 

Para finalizar, a missão Mars 2020. Esta é uma missão bastante alvissareira elaborada pela NASA, e com expectativa de grandes resultados nos próximos anos.  A missão enviou a Marte um rover chamado Perseverance e um pequeno drone/helicóptero chamado Ingenuity. Enquanto o mini helicóptero tem como objetivo testar a tecnologia de voo naquela tênue atmosfera, o rover Perseverance fará análises em determinadas regiões da cratera Jezero. A última vez que um rover foi enviado para Marte foi em 2012. 

Se tudo ocorrer bem, a missão pousará no solo do planeta vermelho esta semana, no dia 18 de fevereiro. Esta é a primeira missão com objetivo estritamente voltado para a detecção de vida microbiana em Marte. Na década de 1970 o Programa Viking realizou alguns experimentos, porém não eram o objetivo principal do programa.  Marte pode ter abrigado vida microbiana no passado, tendo provavelmente sido extinta pelas mudanças das condições físicas que ocorreram naquele habitat há bilhões de anos. 

Ilustração do rover Perseverance da NASA pousando em Marte no dia 18 de fevereiro. Crédito: NASA / JPL-Caltech

 

O local para pouso da missão foi selecionado tendo em vista um delta fluvial, já que água é o elemento fundamental para existência da vida como a conhecemos. Tudo indica que os sedimentos que formaram este delta, outrora rico em presença de água, possam conter sinais de moléculas orgânicas ou outras evidências de vida microbiana. É ali na cratera Jezero que ocorrerão as trinta coletas e análises realizadas pelo rover da Mars 2020. Além disso, a missão caracterizará o clima e a geologia do planeta e coletará amostras para um futuro retorno à Terra.

Devido o protagonismo da missão na identificação de fósseis microbianos, há uma enorme expectativa em relação aos resultados, ainda que levem alguns anos para começarem a aparecer.  

A NASA transmitirá suas atividades durante o pouso da missão a partir das 16:45h (horário de Brasília) no dia 18 de fevereiro de 2021 (próxima quinta-feira) em seu canal no Youtube. 

 

 

 

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