As cidades da região foram atingidas por fortes geadas nos últimos dias e a previsão do INMET é que uma nova onda de frio atinja cidades da região a partir desta quarta-feira (28). A agricultura é fortemente afeta pela queda brusca de temperatura e, por isso, os pesquisadores Vinícius Andrade (Consórcio de Pesquisa Café/EPAMIG), Gladyston Carvalho (EPAMIG), César Botelho (EPAMIG) e André Dominguetti (Embrapa Café) produziram um estudo explicando como as geadas ocorrem e com recomendações para os cafeicultores amenizarem os prejuízos.

Segundo os pesquisadores, a geada é fenômeno natural que pode ocorrer em frequência variada de acordo com a latitude, altitude e orografia do ambiente de cultivo. As causas, são geralmente, massas de ar polar vindas dos Andes ou do Oceano Atlântico. A ocorrência se dá quando a temperatura é menor que 2ºC no abrigo e -2 a -3ºC na relva. Para o cafeeiro a temperatura letal é menor que -2ºC.

A orientação para os cafeicultores é para aguardarem, tendo em vista que o período de ocorrência de geadas ainda não terminou e que há previsão de uma nova onda de frio para os próximos dias. Fazer uma poda agora pode expor ainda mais a planta. Além disso, ainda não é possível precisar a dimensão dos danos. “No momento o produtor deve quantificar seus prejuízos para fazer suas contas focando no fluxo de caixa e orçamento para o próximo ano”, dizem os pesquisadores.

Após o período de frio, os pesquisadores explicam que é possível verificar o impacto da geada nas plantas e saber o tipo de intervenção a ser feita. “Quanto maior a quantidade de tecidos mortos mais drástica vai ser a intervenção, que pode chegar até mesmo na substituição das lavouras. Mediante a necessidade de podas a regra é, quanto menos cortar melhor. Com relação à renovação da lavoura, deve-se considerar a mortalidade de plantas, que gerarão o estande produtivo quando a lavoura se recuperar”, diz o estudo.

Com relação ao impacto das geadas na produção de café no Brasil, os pesquisadores explicam que ainda é cedo para fazer uma estimativa. “A última safra de bienalidade positiva e com clima favorável nas principais regiões produtoras de Arábica foi em 2020, com produção total de 63 milhões de sacas, sendo 48,7 milhões de Arábica. Em um cenário otimista, antes das geadas de julho de 2021, havia a expectativa de que a safra de 2022 fosse 10% superior à de 2020 (a safra 2020 foi 2,3% acima que a de 2018), teríamos uma produção de 68 milhões de sacas totais e 54 milhões de café Arábica.

Considerando-se que as áreas atingidas pelas geadas foram as demonstradas na tabela 1 e que nessas regiões a perda de produção ocorreu cenários de 10%, 20% e 30% de redução, a produção de café Arábica pode variar de 50 a 43 milhões de sacos de 60 Kg, com reduções de quatro a onze milhões de sacas. “É preponderante lembrar que estimativas precisas da área afetada e da magnitude do dano nas lavouras serão realizadas pelos técnicos de instituições públicas, cooperativas e empresas privadas, que por meio de uma criteriosa análise in loco poderão aumentar a chance de acerto”, explicam os pesquisadores.

No estudo, os pesquisadores projetaram que a recuperação da capacidade produtiva brasileira nas regiões afetadas pela geada terá início somente a partir de 2024 e deve se estabilizar em 2025 ou 2026. “Isso dependerá da quantidade de lavouras em formação que precisarão ser substituídas e da taxa de renovação, uma vez que as mudas disponíveis para esse ano já possuem destino e muitas delas foram afetadas irrecuperavelmente pela geada” concluíram.