Uma operação do Ministério do Trabalho com apoio da Polícia Rodoviária Federal e do Ministério Público do Trabalho resgatou nesta sexta-feira (01), em fazendas na região, 130 trabalhadores em regime de trabalho análogo à de escravidão. Eles foram levados para a sede do Ministério do Trabalho, no Centro de Patos de Minas, para fazerem o acerto trabalhista. O total das verbas trabalhistas e indenizatórias chega a cerca de R$900 mil. Eles estavam morando em contêineres sem condições dignas de sobrevivência.

O Auditor Fiscal e Coordenador da Operação de Combate ao Trabalho Escravo em Minas Gerais, Humberto Camasnie, concedeu entrevista explicando como foi o resgate. Foram 130 trabalhadores resgatados em fazendas de carvoaria e de alho em João Pinheiro, Presidente Olegário e no município de Coromandel. Neste último, cerca de 116 homens trabalhavam na colheita de alho e moravam em contêineres, em más condições, sem ventilação e em espaços indignos, segundo o auditor.

Ele destacou que os Equipamentos de Proteção Individual-EPIs- eram cedidos, no entanto eram cobrados pelos patrões. As ferramentas de trabalho também tinham que ser compradas pelos funcionários. O auditor ainda explicou que não havia banheiros nas frentes de trabalho e eles faziam suas refeições sob o sol, sem um espaço adequado para a alimentação. Ainda segundo Humberto, os profissionais, a maioria da cidade de São Francisco, no norte de Minas, trabalhavam com movimentos repetitivos de alto risco e não havia gestão de trabalho.


De acordo com o auditor, que também foi responsável por resgatar Madalena Gordiano, todos os trabalhadores foram levados para o Ministério do Trabalho para ser feita a rescisão trabalhista em valores que giram em torno de R$890 mil. Além disso, foram lavradas as multas devido à constatação de trabalho análogo à de escravidão e, os responsáveis, além de responderem na esfera trabalhista, também poderão responder na esfera criminal. O auditor ressaltou que eles estavam devidamente registrados, mas as condições de trabalho eram degradantes, configurando o regime de trabalho análogo à de escravidão. Os profissionais devem receber também 3 parcelas de seguro desemprego.

O Patos Hoje tentou gravar entrevista com vários dos trabalhadores, mas amedrontados com a possibilidade de sofrerem represálias dos patrões, eles preferiram não conceder entrevista. Eles confirmaram as situações degradantes, mas disseram que se veem obrigados a se submeterem a este tipo de trabalho porque precisam trabalhar.