Uma bezerrinha fêmea, nascida nessa terça-feira (14), em uma propriedade rural de Patos de Minas, gerou muita curiosidade. Apesar de mostrar muita saúde e plenas condições de vida, ela veio ao mundo faltando a cauda. Os produtores disseram que, apesar de décadas trabalhando com gado, nunca viram esse tipo de anomalia.

Élio José da Mota é o dono do animal, da raça Senepol, criado para leite ou corte. Morador do Distrito de Pindaíbas, ele disse intrigado que o animal nasceu perfeitamente, mas quando foram verificar faltava o rabo. “Trabalho com gado há mais de 30 anos, nunca tinha visto isso acontecer dessa forma”, ressaltou.

Segundo ele, não havia sinal de ferimento como se o normal fosse mesmo sem a cauda. Ele acredita que pode ter sido mesmo por má formação. O produtor informou que o animal é fruto de inseminação. “Nós até pensamos que o rabo poderia ter ficado para trás”, brincou. Apesar da má formação, ele espera que o animal sobreviva saudavelmente e possa garantir sua produtividade.


O Patos Hoje conversou com o Professor da área de Clínica Médica de Grandes Animais (Bovinos) do UNIPAM, Dr. Estevão Vieira de Rezende, que explicou sobre o caso. Segundo ele, a falta da cauda do animal trata-se de uma anomalia congênita (defeito congênito), cujo nome técnico é agenesia sacro-coccígea, apresentando distribuição mundial, mas ocorre esporadicamente, ou seja, com raridade, sendo apenas 2,5% de todas as anomalias.

De acordo com Estevão Vieira, as causas podem ser genéticas, ambientais ou multifatoriais. Entre os principais fatores, incluem-se os nutricionais, ocorrência de doenças maternas, traumatismos, ingestão de plantas tóxicas pela mãe e fatores físicos do útero relacionados às quantidades anormais de líquido amniótico. Alguns destes fatores estão intimamente relacionados às práticas rudimentares de manejo nutricional, sanitário e reprodutivo adotadas pelos criadores.

Dos agentes infecciosos, o vírus da diarreia viral bovina (BVD) é uma importante causa de hipoplasia cerebelar, braquignatismo (encurtamento anormal da mandíbula), hidrocefalia (acúmulo de líquido excedente nos espaços normais dentro do cérebro), artrogripose (malformação das articulações que estão deformadas ou que não se desenvolveram corretamente). Os defeitos congênitos seriam a causa de até 15% de óbitos nas primeiras 48 horas de vida.

O professor informou que foi feito levantamento de casos de anomalias congênitas em uma universidade brasileira totalizando 39 casos investigados, desses 2,5% eram agenesia sacro-coccígea. O professor explicou que o animal terá uma vida normal e que o ato de bater a cauda é para repelir as moscas. Ele informou que a cauda também tem a função de proteção do ânus e vulva, no caso das fêmeas.