Parece um pesadelo sem fim. Na verdade, seria um pesadelo se as pessoas que moram nas imediações do Galpão do Produtor pelo menos conseguissem dormir. Mais uma vez, a situação dos moradores de rua e usuários de drogas, que insistem em criar raízes no local, tem tirado o sono de moradores e comerciantes. Eles pedem providências efetivas por parte das autoridades.

São dias e noites de tormenta. Moradores e comerciantes do entrono do Galpão do produtor e da orla da lagoa contam que não tem mais sossego nem para ficar em casa e nem para sair na rua. Segundo alguns relatos, os transtornos pioram no período noturno. “Durante o dia eles incomodam pedindo dinheiro o tempo inteiro e a noite nos perturbam e não nos deixam dormir com a algazarra que fazem” disse uma comerciante e moradora.

Nossa reportagem recebeu imagens que mostram o desrespeito e a falta de noção dos andarilhos e usuários de drogas que fizeram do galpão uma espécie de pensão improvisada. “Não satisfeitos em incomodar durante o dia, eles vão madrugada a dentro e não adianta a gente ligar para a polícia, não adianta” relatou outra moradora. Recentemente uma força tarefa da secretaria de desenvolvimento social em parceria com o Creas e a PM, tirou todos os moradores de rua do local, mas uma semana depois, era como se não tivessem feito nada.

São homens e mulheres inclusive fazendo suas necessidades fisiológicas no espaço que é público. Outra reclamação por parte dos moradores e comerciantes é em relação as pessoas que dão esmola e muitas vezes oferecem alimentos e orações. “Tudo bem as pessoas quererem fazer o bem, mas depois eles vão para suas casas descansar e nós aqui é que sofremos com a imundície que fica o galpão e os transtornos causados por essas pessoas”.

O pedido dos moradores é de que sejam tomadas providências de fato efetivas em relação a isso. Além dos transtornos, os andarilhos e usuários de drogas também geram perigo para a população, uma vez que há vários relatos de usuários do terminal rodoviário dando conta de que se não for dada esmola, eles ficam agressivos e até xingam os viajantes. Recentemente, o Procon Municipal chegou a notificar a empresa responsável pela rodoviária para que faça ajustes na segurança do local.

A prefeitura ainda proibiu o comércio de bebida alcóolica no local após as 22hrs. Mas isso não é o suficiente para os moradores. Assim como toda a cidade, eles também pagam impostos e merecem descanso após um dia corrido de trabalho.

Sobre a permanência de moradores em situação de rua no Galpão do Produtor Rural e imediações, a Secretaria de Desenvolvimento Social informa:

- todas as medidas que competem à pasta são realizadas com esse público, inclusive com abordagem já realizada na manhã de hoje pelo CREAS. Há moradores de Patos de Minas que possuem residência e, embora orientados, optam por permanecer nas ruas, e há aqueles de outras cidades, a quem são oferecidas passagens para retorno à localidade de origem;

- não compete à Assistência Social obrigar os indivíduos a aceitarem qualquer ajuda, até porque o direito de ir e vir do cidadão brasileiro está ancorado no artigo 5º, inciso XV, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual: "É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou sair com seus bens". Dessa forma subentende-se que todo cidadão brasileiro tem direito de se locomover de forma livre em ruas, praças e lugares públicos, sem medo de ver tolhida sua liberdade;

- a Assistência Social atua em conjunto com a Polícia Militar nessas situações, tendo havido recentemente abordagem no galpão e realocação de pessoas que ali se instalaram. Conforme a própria corporação, a detenção só ocorre mediante a configuração de crime, o que no geral não ocorre.