De alguns meses para cá, os brasileiros estão convivendo com uma disparada nos preços de diversos produtos. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou próxima de 9%, mas para a população mais pobre parece ser muito mais. Somente no primeiro semestre deste ano, a carne subiu cerca de 17%. A gasolina já subiu 27,5%, no ano, e 37%, em 12 meses. E a conta de luz está na bandeira vermelha nível II, que teve aumento de 52% para custear a escassez hídrica.

Em entrevista no Contraponto desta quinta-feira (26), o economista Hermano Caixeta explicou que o aumento da gasolina e da energia elétrica acaba gerando um efeito cascata,  que provoca a alta de outros produtos, como por exemplo os alimentos, que precisam de energia elétrica para serem produzidos e dos combustíveis para serem transportados.

Doutor em economia, Hermano explicou também o efeito da alta do dólar para o aumento da inflação. Segundo ele, a Petrobrás opera com base no mercado internacional e, por isso, quando o dólar sobe, a Companhia acaba tendo que aumentar os preços aqui dentro. Na agricultura, insumos usados na produção também são importados e adquiridos em dólar, que também acabam ficando mais caros com a valorização da moeda americana.

Para se ter uma ideia, de 2020 para cá, o dólar acumula alta de cerca de 35% em relação ao real. Segundo Hermano Caixeta, embora esteja acima da meta, a inflação só não está maior por causa do desemprego elevado, que mantêm os custos com mão de obra sem reajuste ou até mesmo em queda.

Questionado sobre uma perspectiva de futuro, Hermano diz que a previsão dos economistas é de que o ano de 2022 ainda será de baixo crescimento do PIB e que as previsões mais otimistas são somente para o ano de 2023.