Eles sempre agiram como um casal normal.

O advogado, Adolfo Said Akury, 26 anos, e o servidor público, Edson Bianchi Junior, 25 anos, ambos nascidos em Patrocínio, se conheceram dia 25 de setembro de 2011, no segundo período da Faculdade de Direito. Segundo postaram no seu site ( http://www.adolfoejunior.com ) foi amor à primeira vista. O relacionamento de 6 anos vai culminar com o primeiro casamento oficial entre pessoas do mesmo sexo em Patrocínio.

Eles sempre agiram como um casal normal. Primeiro, concluíram o curso de direito, definiram os planos profissionais e planejaram em detalhes o casamento. O edital já foi publicado pelo Cartório de Registro Civil de Patrocínio e acontece no mês de setembro. Logo após a assinatura de ambos e emitida a certidão de casamento, o casal receberá amigos e familiares para uma grande recepção com uma estrutura digna das melhores festas, e uma chácara na área rural do município.

Segundo o Cartório de Registro Civil, este é o quarto casamento de pessoas do mesmo sexo, mas a reportagem do POL apurou que é o primeiro com festa e convidados. Os outros anteriores foram de dois homens que estavam na Penitenciária de Patrocínio e já divorciaram. De outro casal de homens e o terceiro de duas mulheres, que permanecem unidos.

Confira a entrevista com Adolfo e Júnior

Qual sua visão sobre a decisão do CNJ em 2013 em autorizar casamentos de pessoas do mesmo sexo?

Acreditamos que foi um avanço quando, no ano de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a resolução que determina que todos os cartórios do Brasil celebrem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Tal norma, indiretamente, auxilia no combate ao preconceito e, em curto prazo, efetiva direita como a igualdade e a dignidade da pessoa humana.

É o primeiro casamento (oficial) do gênero em Patrocínio?

Tomamos conhecimento de um casal que já se casou anteriormente. Porém, ainda nada confirmado. Mas podemos dizer que será o primeiro casamento com forte divulgação e que várias pessoas sabem que acontecerá. E estamos muito felizes com a visibilidade que o casamento está tendo, pois queremos mostrar que está tudo certo as pessoas serem felizes da forma como são.

Como foi a receptividade de amigos e familiares?

Junior: Minha família já esperava que mais cedo ou mais tarde o evento aconteceria e ficaram muito felizes e animados em participar da celebração. Tenho muita sorte em dizer que minha família sempre me apoiou da forma como sou e me deu forças em me aceitar e seguir em frente.

Adolfo: Minha família poderia até imaginar que isso aconteceria, grande parte sempre apoiando e contando os dias para a celebração enfim chegar. Porém, existe também uma minoria que não apoia e não se fará presente. O que espero, no entanto, é aproveitar ao máximo o casamento para essa nova fase que se inicia com os amigos e familiares que nos apoiam e torcem para esse grande momento.

E da sociedade?

Levando em consideração o enorme preconceito que existe no nosso país, é surpreendente, inclusive para nós, dizermos que a sociedade nos integrou e não sofremos com o preconceito. Somos respeitados enquanto trabalhadores e cidadãos, e isso é o que realmente se espera que aconteça.

Por algum momento houve medo de realizar o evento? Dificuldade de achar fornecedores e prestadores de serviços?

Percebemos que a população e o setor está se atualizando e abrindo portas para os novos arranjos familiares. O que ocorreu foi que os fornecedores estiveram totalmente interessados no evento, até mesmo para abrir um novo campo comercial, até então pouco explorado. No que tange ao “medo de realizar o evento”, nunca o houve, pois acreditamos que todos devem celebrar o amor e a felicidade e esperamos com nosso casamento incentivar quem mantém união estável que a converta em casamento e não tenha medo de ser feliz!

Há quanto tempo estão juntos?

Nas proximidades da união civil iremos completar seis anos que estamos juntos. O casamento demorou todo esse tempo em razão que queríamos concluir nossa graduação antes.

Pretendem adotar?


Tal tema é frequente nas nossas conversas e, em princípio, a resposta é afirmativa, mas para daqui uns bons anos. Pensamos, inclusive, em adoção tardia, a fim de que a criança já venha com as noções básicas da família onde está sendo inserida e também pela junção de oportunidades, da criança de ter pais que a amarão e por nós, para sermos pais.

Quais os planos, agora casados?

Eu (Júnior) já estou morando em outro município há um ano. Agora casados, os planos é de que o Adolfo se mude também para aproveitarmos a vida juntos, com divisão da rotina doméstica, viagens e o que de melhor o matrimônio pode oferecer.

Fonte: Patrocínio Online