A Conselheira Tutelar, Valéria Elias, concedeu entrevista ao Patos Hoje nesta quarta-feira (03) e falou sobre o caso que chocou os moradores de Patos de Minas e região. A adolescente de 15 anos que fez o próprio parto e depois matou o bebê na zona rural é excelente na escola, muito humilde e esteve com o pai da criança uma única vez. O pai da garota é muito rigoroso e isso pode ter sido um dos motivos de ela ter escondido a gravidez.

Primeiro, Valéria fez questão de desmentir a versão de que teria sido a diretora da escola onde ela estuda que teria denunciado o fato. Segundo a conselheira, a própria garota menciona a diretora apenas para tentar passar a situação de que não estaria grávida, mas não foi ela quem teria levado o caso ao Conselho. Valéria, nesse momento, destaca que qualquer pessoa pode denunciar situações que envolvem crianças e adolescentes e o denunciante será preservado.

Com relação ao parto caseiro, ela disse que a garota poderia ter perdido a vida. “Ela estava extremamente pálida, teve hemorragia e se não tivesse sido atendida poderia vir a óbito. Ela é muito humilde, fala muito baixinho”, disse.  A conselheira disse que ficou com a garota de 23h30 a 0h00 de terça-feira (02) no hospital e, pela manhã, voltou quando ela aceitou levar os policiais até o local onde havia abandonado o recém-nascido.

A conselheira informou que a garota chegou a passar mal durante o trajeto, mas ela foi na ambulância do Hospital Regional e sob os cuidados de uma enfermeira. A perícia técnica da Polícia Civil e policiais militares também foram até o local, onde resgataram o corpo e encaminharam para o IML. Após exames, ficou constatado que o bebê realmente nasceu vivo e foi morto depois, o que configura em tese o ato infracional de infanticídio.

Valéria informou que a adolescente deve pagar pelo que fez, mas salientou que ela também foi uma vítima e está sofrendo muito. O Conselho Tutelar vai trabalhar para que ela receba um tratamento adequado para conseguir superar este momento. A adolescente foi encaminhada para o CAPS, onde deve passar por avalição psiquiátrica, e depois por orientação psicológica. “A família é muito carente. A mãe tem sérios problemas e o pai é muito rigoroso”, destacou.

Com relação ao pai do bebê, a conselheira disse que a adolescente o conheceu em Patos de Minas e esteve com ele apenas uma vez. Depois disso, segundo a conselheira, nunca mais o viu e preferiu mudar de assunto. Valéria ressaltou que pela postura do pai e da mãe da adolescente, acredita que eles realmente não sabiam da gravidez. “Eles não tinham noção disso e a garota não tinha noção da gravidade do que estava fazendo”, contou. “A gente orienta os pais a serem amigos dos filhos, para que confiem e contem tudo que acontece com eles”, orientou.

A garota relatou para a conselheira que, ao sentir muitas dores, o que seria a hora de dar à luz, foi até o banheiro onde acabou fazendo o próprio parto. Uma tesourinha de escola foi usada para cortar o cordão umbilical. Depois, ela o sufocou até a morte e o levou em uma bolsa até onde foi encontrado. A distância é realmente muito grande e o caso está sendo investigado para saber se ela não contou com a ajuda de alguém. Tudo será repassado para o Ministério Público e para a Polícia Civil que vão continuar as investigações.