O ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social e Econômica (BNDES) Luciano Coutinho disse nesta terça-feira (3) que o resultado econômico da BNDES Participações com o grupo JBS “foi positivo” e que as decisões do banco, relativas à disponibilização de créditos para empresas, são feitas de forma colegiada, seguindo critérios de avaliação supervisionados em várias etapas por técnicos do quadro do banco.

O executivo está sendo ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, criada para investigar os contratos da empresa com o BNDES no período entre 2007 e 2016, quando Coutinho era o presidente da instituição; além do acordo da delação premiada firmado pelos executivos da companhia com o Ministério Público.

De acordo com o executivo, entre os elementos que justificaram a liberação de crédito para a JBS fazer aquisições no exterior estava a crise pela qual passavam os Estados Unidos, o que resultou em oportunidades de aquisições de empresas do setor de proteínas "a preços bastante vantajosos".

A BNDESPar é uma sociedade por ações com registro de companhia aberta perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Por meio dela, o banco atua na compra e na venda de ações no mercado financeiro.

“O resultado econômico da BNDESPar com a JBS foi positivo. Dos R$ 8,1 bilhões investidos pelo banco [dos quais R$ 5,6 bilhões foram na JBS e R$ 2,5 bilhões nos frigoríficos Bertin], o BNDES recebeu R$1 bilhão em comissões e prêmios; e R$ 4 bilhões em venda de ações com lucro”, disse Coutinho ao iniciar sua fala.

“Em dezembro do ano passado o lucro já era de R$ 3,5 bilhões. Isso mostra que temos acumulado resultado positivo dos investimentos feitos pelo BNDES na empresa”, acrescentou ele.

Coutinho disse ter sido necessário “mais de um ano apenas com tratativas” antes de o negócio com a JBS ser formalizado. “O processo decisório [da BNDESPar] é colegiado, replicando o processo de concessão de crédito no BNDES. Não é um processo menos rigoroso. Quando em 2007 a JBS se apresenta ao BNDES solicitando participação no aumento de capital para a compra da Swift argentina, a JBS já havia feito a aquisição de mais de 30 frigoríficos sem receber um centavo do BNDES”, contextualizou Luciano Coutinho.

“O apoio do BNDES foi dirigido fundamentalmente à internacionalização da JBS. Primeiro, para a aquisição da Swift e depois para outras empresas. Os alvos foram primordialmente no exterior, para a aquisição de empresas em um período muito especial, com a economia dos EUA em crise e com seu setor de proteína representando potenciais de aquisição a preços muito vantajosos. Essas oportunidades são fugazes e conjunturais”, completou o ex-presidente do banco.

Já a aquisição do grupo frigorífico Bertin pela JBS não foi, segundo Coutinho, por razões de dificuldades enfrentadas pelo grupo, “Nesse caso foi uma maneira de evitarmos que um grande grupo entrasse em dificuldades, o que ameaçaria milhares de empregos”.

Fonte: Agência Brasil