Em algumas salas, quadros de menos de 1m x 1m estão servindo para os professores passarem as matérias.

Algumas escolas municipais na zona rural de Patos de Minas tiveram uma readequação neste ano o que nada somou para a qualidade do ensino. Pelo tamanho dos quadros negros é possível perceber o quanto está sendo prejudicada a aprendizagem dos estudantes. As salas improvisadas até em bibliotecas têm feito com que os professores façam revezamento. A Secretaria de Educação afirmou que esta adequação ficou sob a responsabilidade da comunidade escolar.

Pelo menos três escolas na zona rural tiveram esta adaptação e o problema em pelo menos uma é grave. A readequação foi para economia de gastos, principalmente com transporte escolar. No entanto, a estratégia trouxe diversos prejuízos. Em uma das escolas, onde funcionavam 5 turmas, passaram a ser atendidas 10 classes. Sem espaço, o jeito foi dividir as turmas com divisórias de madeira.

E isso não foi nada benéfico. Como se pode imaginar, a voz de um professor acaba atrapalhando sobremaneira a outra aula. Alunos que precisam de concentração para aprender novos conhecimentos sobre Matemática, Português, Geografia, História, Ciências, Inglês e todos os outros simplesmente estão se perdendo em meio ao barulho.

Para não atrapalhar demais as aulas, os professores têm feito uma espécie de revezamento. Enquanto um leciona a matéria o vizinho passa outra atividade. Aulas fora da sala também têm sido uma estratégia para a situação. Apesar dos esforços dos profissionais, eles argumentam que com certeza têm gerado prejuízo para os alunos.

Para garantir a educação para todos os alunos, as escolas também improvisaram a biblioteca e laboratórios de informática para receber os estudantes. Os quadros onde os professores passam a matéria também não são nem um pouco adequados. Em algumas salas, quadros de menos de 1m x 1m estão servindo para os professores passarem as matérias.

Outro problema é com o transporte escolar. Cada escola possuía seu próprio transporte escolar para levar e buscar os professores. No entanto, neste ano, o transporte, por exemplo de Pindaíbas e Areado, foi unificado em um micro-ônibus que transportava estudantes. Os professores reclamam que os assentos são para adolescentes e crianças o que causam muito desconforto e cansaço.

Alem disso, os professores de Pindaíbas acabam tendo que andar cerca de 30 km a mais todos os dias, já que o veículo precisa levar e buscar os profissionais de Areado. Os profissionais pediram que providências sejam tomadas para evitar os prejuízos para a educação dos estudantes. “Eles serão prejudicados para o resto da vida”, disse um professor.

Em reunião no Conselho Municipal de Educação, os conselheiros também se mostraram preocupados com o transporte escolar na zona rural. Eles veem a necessidade de se tornar obrigatória a presença de um auxiliar dentro dos veículos escolares para impedir que novos acidentes com estudantes aconteçam. “Não podemos esperar que outros alunos morram para mudar a legislação”, destacou.

A Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Patos de Minas, nesta terça-feira (15), enviou a seguinte nota para o Patos Hoje: "A SEMED fez uma reunião com a comunidade educativa tanto de Pindaíbas como de Areado, propondo uma reestruturação, onde a Escola de Areado atenderia os alunos dos anos finais do ensino fundamental, e a Escola de Pindaíbas atenderia somente os alunos de anos iniciais, sem que houvesse a multisseriação. As próprias comunidades não concordaram e se prontificaram para organizar os espaços para atendimento em turno único. Foi uma escolha dos pais e professores, principalmente de Pindaíbas, que se comprometeram a adequar o espaço para funcionamento das turmas.

Quanto ao transporte, não existe problemas ou questões pendentes. Tanto os alunos quanto os professores estão sendo atendidos pelo transporte escolar.

Portanto, estamos atendendo uma reivindicação dos pais e dos professores dessas comunidades."

Na tarde desta sexta-feira (16), as diretoras da Escola Estadual Arlindo Porto e da Escola Municipal Major Augusto Porto enviaram o seguinte esclarecimento:

ESCLARECIMENTO

"Esclarecemos para os devidos fins que de acordo com a reportagem publicada no Patos Hoje no dia 15/03/2016 com o título:

" Escolas na zona rural sofrem com salas improvisadas e transporte sem qualidade".

As Escolas Estadual Arlindo Porto e a Escola Municipal Major Augusto Porto , situadas em Areado se mostram insatisfeitas e indignadas com a reportagem que não condiz com a realidade vivida pela Comunidade Escolar. Por isso, vem por meio deste esclarecer que de acordo com o que foi proposto pela SEMED, conforme a nota enviada pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Patos de Minas, foram feitas as adaptações necessárias ao espaço escolar para o atendimento dos alunos em turno único. Não há salas improvisadas conforme foi afirmado na reportagem. E não há o revezamento de professores para ministrar aulas.

Em momento algum o conteúdo ministrado e ou aprendizado estão comprometidos. Esclarecemos ainda que não há insatisfação por parte dos funcionários das Escolas de Areado na questão do transporte dos mesmos. Este atende as necessidades dos educadores destas entidades.

Areado, 16 de março de 2016."

O Patos Hoje reforça que o problema existe, basta olhar as imagens, e que de forma alguma na reportagem falou que o revezamento de aulas ou de improvisação de salas é em Areado. Já com relação ao transporte, ele realmente tem trazido problemas para os profissionais, principalmente para os que trabalham em Pindaíbas, que foram os que reclamaram da situação. Isto é lógico porque eles precisam de se deslocar tanto na ida como na volta até Areado, percorrendo diariamente cerca de 30 quilômetros a mais em um veículo que seria para crianças e adolescentes. Além disso, os profissionais de Pindaíbas desejam a unificação do transporte.

Reportagem atualizada às 15h20 desta sexta-feira (18)

Autor: Farley Rocha