As duas irmãs tiveram muitas historias para contar.

As primaveras passaram e a juventude se foi com o andar que se tornou mais lento junto com todos os sentidos. Foram várias décadas. Mas nem o tempo e a distância conseguiram esfriar todo o carinho construído lá nos idos de 1940. A história da Dona Maria Ribeiro Guimarães de 99 anos e da irmã mais velha Marciana Soares dos Santos de 101 anos podem comprovar que o vínculo familiar não pode mesmo ser desfeito, nem pela força das décadas, nem pelos quilômetros de distância.

A bela história foi contada pelo neto da Dona Maria, o barbeiro Aguinaldo Aparecido Silva que entrou em contato com o Patos Hoje para mostrar um amor que vale a pena. Ele disse que a avó, moradora de Vila Funchal, no município de São Gotardo, perdeu contato com a irmã mais velha em 1944. Após 75 anos, depois de muita saudade e uma grande vontade de abraçar a irmã, eles conseguiram realizar o encontro. Ela estava em Porangatu, no Estado de Goiás.

A localização não foi nada fácil. Foi preciso fazer um trabalho de investigação com familiares, amigos e muitas trocas de informações. Mas tudo deu certo. Para promover o reencontro valeu de tudo. Mostrando muita vitalidade, até andar de moto a Dona Maria nos seus longevos 99 anos se aventurou. Os netos logicamente ficaram impressionados. E não foram só eles. São poucos que suportam o passar de todas estas décadas com tanta vitaliciedade.

A vontade realmente move moinhos e a Dona Maria se locomoveu mais de 700 quilômetros de São Gotardo até Porangatu para rever a irmã. E esta cena, com certeza, vai ficar marcada. Um abraço forte seguido de vários beijos eternizou o que podemos chamar de felicidade. Um choro emocionante não pôde ser contido. Nem podia ser parado. Foram décadas de distância. Anos e anos de saudade que com certeza promoveram um retorno lá na flor da idade.

Após o longo e caloroso abraço, a prosa foi longa. Dona Marciana foi falar dos 12 filhos que teve e que infelizmente acabou perdendo 3 para o mundo. A Dona Maria também tinha muito o que contar. Afinal, foram longos 75 anos, mais que uma vida. E foi mesmo uma lição de amor. O carinho no rosto, como se cuidasse da mais nova, mostra a força superior do vínculo fraterno. Quem tem irmão que o diga. Para fechar, Aguinaldo contou que Dona Marciana acabou deixando São Gotardo depois que se casou lá em 1944. Ela viajou com o marido em busca de melhores condições de vida, como tantos neste nosso Brasil.