O dólar fechou em firme alta ante o real nesta quinta-feira, acima de 4 reais pela primeira vez em sete meses e meio, com o real consolidando o fim de seu rali pós-eleição, conforme investidores incorporam mais risco diante da piora de perspectiva para a agenda de reformas.

A moeda norte-americana rompeu a barreira dos 4 reais ainda pela manhã. Mas, diferentemente de outros pregões, a disparada para esse nível não atraiu fluxo relevante de tesourarias bancárias e exportadores na ponta de venda.

Com a típica queda de volumes durante a tarde e sem oferta de moeda no mercado, o dólar teve espaço livre para continuar a escalada, em sintonia com um dia negativo para os mercados brasileiros em geral.

Os juros <0#DIJ:> tiveram a maior alta em quase dois meses, e o Ibovespa chegou a perder os 90 mil pontos na última hora de negócios.

Na máxima do dia, o dólar bateu 4,0425 reais, com valorização de 1,16%.

O fechamento não foi muito menor. O dólar à vista terminou a sessão em alta de 1,01%, a 4,0366 reais na venda.

Na B3, o dólar futuro subia 1,00%, a 4,0485 reais.

“Não dá mais para dizer que esse patamar está ‘torto’. O nível de risco aumentou, e o mercado se ajusta a isso. É reação à piora de fundamento”, disse Ronaldo Patah, estrategista de investimentos do UBS Wealth Management.

Além do cenário externo mais conturbado, o câmbio tem reagido à deterioração do cenário local, com rebaixamentos sequenciais nas projeções para a economia em meio a frequentes reveses na articulação política do governo.

A confiança do mercado após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em outubro do ano passado, levou o dólar a uma mínima em torno de 3,65 reais no fim do último mês de janeiro.

Desde então, contudo, o Executivo tem acumulado derrotas no Congresso, sem uma base consolidada e com ameaças persistentes de diluição adicional da proposta da reforma da Previdência.

Como resultado, o dólar anulou toda a queda vista após a eleição de Bolsonaro. E, desde a mínima deste ano, já sobe 10,33%.

Citando o ambiente piorado para as negociações em prol da reforma da Previdência, o Bank of America Merrill Lynch aumentou nesta quinta-feira a estimativa para o dólar ao fim do ano. O banco agora espera taxa de 3,80 reais ao término de 2019, ante prognóstico anterior de 3,60 reais.

“Crescimento menor, juros mais baixos, real mais fraco”, resumiu em nota equipe de estrategistas do BofA.

Fonte: Agência Reuters