O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira, em suas contas nas redes sociais, a nomeação do general Walter Braga Netto para a Casa Civil da Presidência da República, no lugar de Onyx Lorenzoni, que será deslocado para o Ministério da Cidadania.

Osmar Terra, que comandava a Cidadania, voltará para a Câmara dos Deputados. De acordo com uma fonte próxima ao ministro, Bolsonaro teria oferecido uma embaixada a Terra, mas o ministro recusou porque teria que abrir mão de seu mandato de deputado federal.

Ex-interventor no Rio de Janeiro, Braga Netto era chefe do Estado Maior do Exército. Foi convidado esta semana pelo presidente para tocar uma Casa Civil que, nos últimos meses, perdeu a função de articulação política e, recentemente, a coordenação do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI).

Bolsonaro queria para o lugar de Onyx uma pessoa “sem pretensões políticas”. Ao mesmo tempo, alguém com um perfil gerencial que pudesse, da Casa Civil, coordenar “gabinetes de crise” que geralmente caem para a pasta, como no caso do coronavírus. A avaliação é de que o general sabe líder com crises mantendo a discrição.

Com a chegada de Braga Netto, o primeiro escalão do Palácio do Planalto, com os ministros mais próximos ao presidente será tomado por militares. A Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, está nas mãos de Luiz Eduardo Ramos, também general. Já o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, é major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal.

REFORMA

Apesar das constantes negativas de que faria uma pequena reforma ministerial, Bolsonaro vinha negociando a troca de cadeiras no primeiro escalão há algumas semanas. Havia insatisfação com a atuação de Onyx na Casa Civil.

Bolsonaro queria encontrar uma vaga para o ministro —um dos mais fiéis ao presidente desde o início da campanha—, ao mesmo tempo em que já havia também uma vaga insatisfação com a performance de Terra frente à área social.

As informações de que Terra havia ignorado alertas da Controladoria Geral da União e firmou contratos de tecnologia com uma empresa investigada na operação Lava Jato, reforçaram a decisão do presidente de realocar Onyx para a Cidadania.

Ainda assim, Bolsonaro queria encontrar um lugar para Terra sem ofender o MDB, partido do ministro. Chegou a oferecer uma embaixada —o Fundo da Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO), em Roma, ou Ottawa (Canadá), mas o ministro não aceitou, já que precisaria renunciar ao mandato de deputado.

Através de sua assessoria Terra afirmou que estará “onde for mais importante para o governo e para o presidente Jair Bolsonaro.”

“Sou deputado no sexto mandato, com muito orgulho. Agradeço ter ajudado o Brasil e quero continuar ajudando onde estiver. Desejo sorte ao companheiro Onyx Lorenzoni”, completou.

Desde que chegou de férias, no final de janeiro, já com a informação de que não ficaria na Casa Civil, Onyx tem se dedicado a falar dos programas sociais do governo. Em várias entrevistas, fez questão de ressaltar que este seria “o ano do social” para o governo Bolsonaro —justamente a área que agora irá comandar.

“Presidente me entrega hoje uma nova missão, que vou cumprir com o mesmo zelo, com a mesma dedicação e o mesmo empenho para melhorar e transformar a vida dos brasileiros”, disse Onyx em um vídeo divulgado em suas redes sociais.

A posse dos novos ministros será na próxima terça-feira.