Foto: Eduardo Tavares

                    No contexto das manifestações contra a gestão catastrófica e criminosa do governo federal, o Coletivo Mada e o Movimento de organização de Base convocaram a população patense a se manifestar. Cerca de 50 pessoas estiveram presentes no Coreto Municipal com faixas, cartazes e panfletos. Mas quem são essas pessoas? A resposta a essa pergunta é bastante simples, trata-se de pessoas com consciência de classe. Apesar do caráter pacífico e gentil dos manifestantes, muitos motoristas passavam os xingando, fazendo gestos obscenos e todo tipo de grosseria. 

                    Mas quem são os que passaram pela praça do coreto ofendendo os manifestantes? Um dos principais problemas de grande parte do nosso povo é a incapacidade de enxergar a própria situação social. Tem cidadão que ganha cinco mil por mês e acha que NÃO É POBRE, que não precisa do SUS, que defende meritocracia, mas não consegue pagar a faculdade dos filhos e precisa de Fies ou Prouni. É o tal pobre de direita, é a classe média que está mais perto da pobreza que da riqueza. Esses são os que passavam pela Praça proferindo palavrões contra os manifestantes, dirigindo carros que pertencem ao Banco. Eles são aquilo que se pode chamar de “lumpesinato” caipira. 

            Lembro-me de um caso recente, em que um locutor de rádio, bolsonarista fanático, foi internado em hospital particular após contrair a “gripezinha”, pois não havia vaga na rede pública. A família desse cidadão e os amigos da rádio fizeram uma intensa campanha para arrecadar dinheiro a fim de pagar as despesas astronômicas do hospital privado. Esse pobre locutor sobreviveu, e agora é um sujeito profundamente endividado. Ele e muitos pelo Brasil aprenderam da pior forma possível, o quanto é importante lutar por vacinas, por um sistema de saúde amplo e gratuito, e que essas pautas não são apenas ideias de “esquerdopatas”, mas sim uma necessidade real do nosso povo, uma questão de defesa da vida!

             O que eu vi naquela praça não eram manifestantes defendendo Lula ou o PT, eu vi pessoas ansiosas por uma vacina, revoltadas pelo morticínio de quase meio milhão de brasileiros, contrariadas com os milhões de desempregados, e angustiadas com o crescente número de dezenas de milhões dos nossos expostos à fome. É gente que entendeu que o desgoverno federal é pior que o vírus, e que não suportam mais o negacionismo assassino do presidente. São pessoas que perceberam que o Brasil pode não aguentar mais quase dois anos com um genocida no poder. Se por acaso você acha que ter saúde pública é importante, se te preocupa a possibilidade de morrer sem oxigênio, e se você entende que precisa de vacina, e que não faz parte da elite de banqueiros e megaempresários,  o seu lugar é com esses manifestantes. 

 Sobre o autor:   Eduardo Tavares é Técnico em Segurança Pública, atuou como agente humanitário voluntário no Senegal, África; foi tradutor voluntário da ONG humanitária africana “Vrai Cep”, e foi representante desta no Brasil, graduando em História, professor de Francês, e colunista de política e comportamento do Jornal Patos Hoje.