A pandemia da AIDS emergiu na década de 1980 e teve seu ápice nos início dos anos 1990, foi – e, ainda é - um grande problema de saúde pública e coletiva. No Brasil reconhece-se também a sigla SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida). 

Antes a doença era estigmatizada como uma doença de "profissionais do sexo", "drogados" e "gays", entretanto, hoje demonstra que o perfil do acometidos, inclusive em Patos de Minas, mudou como apresentado na pesquisa “Tendências na série temporal da morbidade e mortalidade associadas à infecção pelo vírus HIV em residentes no município de Patos de Minas – MG dentre os anos de 2010 a 2019” de autoria de Larissi Gonçalves, Sandra Regina Afonso Cardoso e Saulo Gonçalves Pereira publicada na revista Acta Farmacêutica Portuguesa. 

Cabe esclarecer que atualmente uma pessoa contaminada com o vírus HIV pode ter uma vida normal, desde que tome regularmente o coquetel de medicamentos conhecido com AZT,  que faz  com que a carga viral continue baixa. Ter o vírus não é ter AIDS, pois a doença pode (ou não) se manifestar tempos depois, todavia o indivíduo contaminado pode transmitir, pois o HIV é transmitido através do contato de fluidos corporais infetados, principalmente através do sexo desprotegido.

O vírus quando não tratado ataca o sistema imune da pessoa acometida assim, a falta de imunidade faz com que doenças oportunistas não sejam combatidas. 

Ainda é preciso de muita informação para desmistificar e acolher, pois segundo dados das Nações Unidas e do UNAIDS, 64,1% das pessoas que vivem com o HIV/AIDS já sofreram alguma forma de discriminação, 46,3% foram vítimas de comentários negativos em ambientes gerais e, 41% foram recriminados pela própria família. Assim, segundo os mesmos dados, oito em de cada dez pessoas que têm o vírus HIV escondem que vivem com o vírus que pode causar a AIDS. 

A pesquisa epidemiológica em dados secundários obtidos pela Secretaria Municipal de Saúde, demonstrou que no recorte temporal de 2009 a 2019 em Patos de Minas foram avaliados 437 casos, destes 319 (73%) ocorreram em indivíduos do sexo masculino e 118 (27%) no sexo feminino. A maior prevalência de casos ocorreu na faixa etária de 20 a 34 anos e o tipo de transmissão mais prevalente foi através da relação sexual com indivíduos do sexo masculino (57,67%) e 411 (94,05%) dos casos analisados relataram não fazer uso de drogas injetáveis. O ano com maior prevalência de casos notificados foi em 2017 (82). 

Os resultados obtidos nesta pesquisa demostraram uma maior prevalência da infecção pelo vírus HIV em indivíduos do sexo masculino e alerta para o número de casos positivos crescentes no sexo feminino ao longo dos anos. 

Mais que dados é preciso informação, conscientização (sobretudo com os jovens, tendo em vista a faixa etária de maior contaminação atualmente) e acolhimento. Hoje é uma doença tratável, mas também é uma doença evitável e a principal forma de preveni-la é com o uso de preservativos e sexo seguro. 

A pesquisa na íntegra pode ser acessada no seguinte link: http://www.actafarmaceuticaportuguesa.com/index.php/afp/article/view/244

Previna-se, não discrimine e não tenha preconceito! 

 

 

 

GONÇALVES, Larissi; PEREIRA, Saulo; CARDOSO, Sandra Regina. Tendências na série temporal da morbidade e mortalidade associadas à infecção pelo vírus HIV em residentes no município de Patos de Minas–MG dentre os anos de 2010 a 2019. Acta Farmacêutica Portuguesa, v. 10, n. 1, p. 32-43, 2021

UNAIDS. Estudo revela como o estigma e a discriminação impactam pessoas vivendo com HIV e AIDS no Brasil, 2020. Disponível em: https://unaids.org.br/2019/12/estudo-revela-como-o-estigma-e-a-discriminacao-impactam-pessoas-vivendo-com-hiv-e-aids-no-brasil/. Acesso em 05 de set. 2021.