Como todos viram neste dia seis de Janeiro manifestantes pró-Trump, invadiram o Congresso americano, e houve morte. Nos últimos cem anos nunca se viu um tumulto tão grande numa sucessão eleitoral americana. A que se deve isso? 

                     Com o advento da internet muitos acreditaram que haveria uma democratização do conhecimento, a rede global informatizada tornaria acessível aos mais simples o conhecimento restrito somente aos ricos que podiam frequentar a universidade e comprar livros que custavam muito dinheiro. Porém o que se vê hoje é o contrário, o obscurantismo espalhou-se infinitamente mais que o conhecimento. Nessa esteira manifestantes americanos de extrema direita, alimentados por “fake news” que alardeiam uma “fraude eleitoral” jamais provada, e insuflados pelo presidente Donald Trump, enfrentaram as forças da lei e da ordem e invadiram a sede do parlamento americano. 

                      Eis a força das “fake news”, capaz de quebrar a maior tradição democrática do mundo ocidental, capaz de levar pessoas à morte, e capaz de promover um fanatismo à moda do Estado Islâmico. O exemplo deste seis de Janeiro nos deixa uma pergunta: seria Bolsonaro capaz de promover tamanha balbúrdia no Brasil? Não é segredo pra ninguém que Bolsonaro é discípulo de Trump. E também sabemos que nosso país não tem a mesma maturidade democrática dos EUA, (que está fragilizada neste momento), portanto, uma insurreição contra a democracia no Brasil, poderia ter consequências muito mais graves! Se continuarmos tolerando os abusos do atual presidente brasileiro, seremos os próximos a figurar nas manchetes internacionais, com resultados muito piores, e com uma mortal ruptura na ordem constitucional democrática. Corremos perigo!

  Sobre o autor:   Eduardo Tavares é Técnico em Segurança Pública, atuou como agente humanitário voluntário no Senegal, África; foi tradutor voluntário da ONG humanitária africana “Vrai Cep”, e foi representante desta no Brasil, graduando em História, professor de Francês, e colunista de política e comportamento do Jornal Patos Hoje.