Uma das coisas que mais escuto das pessoas que procuram meu trabalho, dos seguidores e até de amigos e familiares é: “Quero ser mais elegante! Quero me vestir de outra forma, ser mais chique.” Isso acontece porque associamos ser elegante a vestir roupas bonitas, caras, como, por exemplo, blazer, sapato social e salto alto, no caso das mulheres. Essa ligação não é feita apenas ao vestir, mas também a ser bem sucedido, famoso, rico, ir a restaurantes caros, ter um carrão, uma casa grande e bonita, ter um closet de filmes, cheio de roupas e sapatos de marca, ser dono de algo, ter funcionários ou subalternos a sua disposição, ser melhor ou mais inteligente do que os outros, tratar bem aos “iguais” e os inferiores com desprezo.  

Só que nada disso é elegância. A palavra acabou desgastada nos últimos tempos e seu significado esvaziado e nem sabemos mais o que de fato significa. Então consultemos o Dicionário Aurélio (esse é o dicionário da minha infância, se existe algum melhor desconheço), segundo ele, elegância é distinção nas formas, nas maneiras, nos trajes. Dá pra ver que fala de roupa, mas não é só isso, também é demonstração de requinte. E requinte é o excesso de aperfeiçoamento, busca pela perfeição. Além disso, o dicionário também diz que elegância é a arte de escolher as palavras e algo em que há ou expressa fineza, gentileza; decoro. Podemos perceber que elegância tem a ver com modo de se vestir, de se comportar, de falar, de se escrever, de buscar pela melhora, suavidade e graça. Essa é minha definição preferida, uma vez que ser uma pessoa graciosa é ser uma pessoa agradável.                                            

Ta, Pri, mas afinal o que é uma pessoa elegante? Todos nós conhecemos uma ou várias pessoas assim, se não pessoalmente, alguma celebridade nos atrai pela graciosidade que exala. Quantas vezes fazemos comentários do tipo “Nossa, fulano me tratou tão bem”, “foi tão educado comigo, mesmo eu não sendo ninguém importante”, “quando Sicrana chega o ar muda, a gente se sente até melhor com a companhia dela”, e esses comentários geralmente vêm acompanhados de observações sobre a roupa, o comportamento e a “chiqueza” daquela pessoa.

Quando falamos em vestimenta existe uma teoria chamada 7 estilos universais. Se você não sabe do que se trata têm um artigo em que falo disso aqui. Um desses estilos é o Elegante, também conhecido como clássico ou refinado. Esse estilo engloba roupas de alfaiataria, blazers, calças sociais, sapatos de bico fino, bolsas de marca, joias, ternos, tudo com excelente caimento e qualidade. Muitas pessoas buscando ser elegantes investem em peças desse estilo, compram blazers, bolsas chiques, sapatos de salto, camisas e paletós que acabam ficando guardados no armário porque na vida dela não cabe àquelas roupas. O trabalho dela é informal, os ambientes que ela frequenta não são sofisticados e as pessoas são simples. Ai começa a pensar que elegância não é pra ela, que é uma dádiva concedida a apenas alguns seres iluminados.

O que essa pessoa busca é o comportamento elegante. É saber se portar de maneira adequada em diferentes situações, é saber se vestir de acordo com a ocasião, assim como não vamos à praia de vestido de festa, não vamos a um casamento de short e chinelos. Essa pessoa busca inclusive falar em um tom de voz agradável, ouvir as pessoas atentamente, ser educado, ter reações proporcionais às situações, ser uma pessoa querida e admirada por todos.

Por muito tempo a elegância foi atribuída à burguesia. Uma pessoa rica era elegante e pronto. A corte francesa criou inúmeros códigos de etiqueta e vestimenta, tudo para ostentar sua riqueza e ocupar a nobreza. Mas nada daquilo era elegante, era no máximo um exagero. No filme “O diabo veste Prada”, a personagem Miranda é uma mulher rica, bem sucedida, com uma carreira invejável, sempre arrumada, impecável, com roupas de marca, anda com chofer, aonde chega tem pessoas esperando por ela; é famosa e reconhecida por onde passa. Poderíamos considerá-la uma mulher chique, elegante, mas vemos que ela é extremamente arrogante, trata seus funcionários, e até mesmo os amigos, com desprezo, ninguém gosta dela de verdade, apenas a suportam. Ela é intragável, se acha melhor e mais inteligente do que os outros, e faz questão de que as pessoas tenham medo dela. Outra coisa é que ela não tem valores e princípios sólidos, já que no filme ela “perde” seu cargo e não se importa de trair os fiéis funcionários, não valoriza as pessoas. Ela também é uma pessoa que julga todos pela aparência e trata mal quem não considera estar a sua altura. Tudo isso a torna uma mulher extremamente deselegante, mesmo tendo uma “casca” elegante.

Outro exemplo de que a elegância não está nas roupas, nem no dinheiro é a Lady Kate do Zorra Total. Ela se casa com um homem rico, fica coberta de joias e roupas chiques e caras, mas tudo é de extremo mau gosto e exagerado. Ela não sabe se comportar, fala alto, as roupas não combinam com ela, não sabe andar de salto e parece fantasiada de mulher rica, ou como ela acha que seria uma mulher rica. O bordão dela é “A grana eu tenho, só me falta-me o glamour”, na verdade o que falta é a elegância. Ela não sabe como tratar os outros, trata os “iguais” de uma forma e se sente diminuída na presença de pessoas que considera “chiques”. No caso dela não houve o aprimoramento da essência dela, o refinamento. Ela não usou o dinheiro para se transformar em uma versão melhorada de si mesma, apenas comprou coisas que a deixariam com “cara de rica”.

A elegância não está nas coisas, está na simplicidade. No modo como tratamos todas as pessoas, na forma como nos interessamos genuinamente pelas histórias dos outros. Está em saber como agir em todas as situações, não chamar a atenção para si, em fazer o máximo para não incomodar ou constranger quem está ao redor. Como conseguimos visualizar melhor com exemplos, citarei dois casos de elegância “natural”. O primeiro é o Barack Obama, o ex-presidente americano estava sempre bem vestido, não importava se estivesse de terno ou de jeans, seu comportamento era sempre amigável e bem-humorado com todos. Mesmo diante de situações difíceis, ele agia de forma agradável e transmitia elegância.

Um exemplo feminino de elegância foi a princesa Diana, que mesmo tendo uma ascendência aristocrata e fazendo parte da família real britânica ela tratava a todos de forma igual, se mostrava interessada e acessível. Sempre se portando de maneira agradável, mesmo diante de momentos turbulentos. Ela foi um exemplo de elegância no vestir e no agir.

A elegância é um assunto que rende bastante. Mas se você acha que precisa ser mais elegante comece entendendo que elegância é muito mais do que vestir um blazer ou calçar um salto. Elegância engloba comportamento, fala, escrita, inteligência emocional, relações interpessoais e muito mais. A vestimenta é apenas a pontinha do iceberg desse universo encantador e libertador da elegância.  

Agora me conta, qual parte da sua vida precisa de elegância?

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